Publicado por: Unknown quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

por Manuela Paixão

A Culpa é das Estrelas, John Green - Editora: Intrínseca | 257 páginas

 Hazel Grace é uma adolescente de 16 anos que sofre de câncer na tireóide, com metástase nos pulmões e, como "efeito colateral" da doença, é obrigada a carregar consigo um cilindro de oxigênio, sem o qual não consegue respirar. Por insistência da mãe, Hazel participa de um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer e lá conhece dois amigos: Isaac, que sofre de "um tipo inacreditavelmente improvável de câncer ocular" e acaba cego; e Augustus Waters, portador de câncer nos ossos (osteossarcoma), por quem Hazel Grace se apaixona e é correspondida. Aos poucos, Gus (como é chamado Augustus) e Hazel vão se tornando íntimos, compartilhando suas dores e seus sonhos.

Após um curto período de tempo, ele convida a personagem principal para fazer uma viagem à Holanda a fim de conhecer o autor do livro "Uma Aflição Imperial" (UAI), Peter Van Houten. Hazel está obstinada em descobrir qual o “destino” que o escritor teria dado aos personagens da obra, que parece ter ficado inacabada. Após ler o UAI, Gus também fica curioso e decide embarcar, com Hazel e a mãe dela, atrás das respostas.

Chegando à Holanda, eles se decepcionam ao conhecer Van Houten (não conseguem obter as respostas sobre os prováveis destinos dos personagens do UAI). No entanto, é na viagem que os adolescentes engatam o namoro e visitam lugares incríveis, como a casa de Anne Frank. Quando retornam ao EUA, Gus tem uma recaída. Era o câncer se espalhando. Ele entra em estágio terminal e morre na UTI do hospital. Antes de morrer, Gus escreve uma carta ao Peter Van Houten, dizendo tudo o que pensa a respeito do livro e do escritor e sobre seu grande amor Hazel Grace.

O livro de John Green é um romance “sick-lit” (literatura enferma, em português), gênero da literatura que traz no enredo alguma doença ou enfermidade vivenciada pelos personagens principais. Para saber mais sobre o assunto, Green passou um tempo convivendo com pessoas com câncer e acabou conhecendo a dura batalha enfrentada por eles na luta pela sobrevivência.


É impossível não se sentir tocado pela história de dois personagens na “flor da idade”, mas com as vidas marcadas pela doença, que os limita fisicamente e emocionalmente e os obriga a lidar de forma natural com a idéia da morte iminente. O desejo de viver dos adolescentes é sempre tolhido pelo câncer que só que “crescer” dentro deles, deixando os “efeitos colaterais” à mostra (a perna amputada de Gus, a cegueira de Isaac, o “carrinho de oxigênio” de Hazel).

Durante o romance, também é possível perceber algumas críticas sociais, como os denominados “Privilégios do Câncer”, que são as “regalias” que a sociedade concede às pessoas com câncer com o intuito de amenizar o sofrimento delas. Nos capítulos que falam sobre o estado terminal e a morte de Augustus, Hazel faz uma crítica ao comportamento dos falsos amigos que simplesmente se afastam quando o câncer é descoberto. Neste trecho, Hazel entra no perfil de Gus, após a morte dele, e faz o seguinte comentário: “Na verdade, quase todos os posts no mural dele, que chegavam quase na mesma velocidade que eu levava para acabar de ler cada um, foram escritos por pessoas que não conheci e das quais ele nunca tinha falado, pessoas que estavam exaltando as diversas virtudes dele agora, depois de morto, mesmo eu tendo certeza de que não viam o Gus havia vários meses e nem tinham feito qualquer esforço para visitá-lo” (Pág. 218).

A narração do “A Culpa é das Estrelas”, que é feita pela personagem principal Hazel,  é bastante objetiva, chegando a ser áspera, sem muitos adjetivos. O que contrasta com os diálogos cheios de metáforas e humor sarcástico. Senti um pouco, no início da leitura, com a marcação das falas (o autor utiliza apenas um apóstrofo), mas nada que não tenha sido resolvido na continuação da leitura.

A linguagem objetiva de John Green beira, algumas vezes, a superficialidade no tratamento de um assunto que mexe com toda sociedade (câncer, o mal do século!). Talvez possamos considerar que tenha sido de maneira proposital já que a história é narrada por uma adolescente (tentando enxerga o problema de maneira madura) e o romance também é voltado para o público juvenil.  

Estranhei um pouco o final do livro, com relação à carta que Augustus envia para Peter Van Houten. Achei que continha realmente uma sugestão para o final do "Uma Aflição Imperial" e que ao ler a carta, Peter publicaria uma nova edição do livro (usando a sugestão de Gus) e com isso resolveria um dos dilemas pessoais de Gus (o medo de ser esquecido depois de morrer), que teria assim contribuído com algo importante para a humanidade e jamais seria esquecido.

A leitura do “A Culpa é das Estrelas” é recomendável, sim! Principalmente para aqueles leitores que se debulham em lágrimas com um drama ou com histórias de superação. O livro fez tanto sucesso que virou filme e deverá estrear em junho, deste ano, nas telas de cinema. Tem tudo para ser um grande sucesso de bilheteria, ao não ser que não atenda às expectativas dos milhares de fãs espalhados pelo mundo que ficaram alucinados pelo livro.

[ 2 comentários... ]

  1. Muito bom Manuela seu texto. Objetivo e bem sequenciado. Fiquei curioso, agora, para ler o livro. Gosto muito do gênero drama. Elyson

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    1. Valeu, Elyson! Muito bom saber que o texto cumpriu uma de funções sociais: despertar o desejo pela leitura do livro resenhado.. hehehe. Dentro das minhas possibilidades, estou fazendo a leitura de alguns best-sellers, principalmente aqueles que são voltados para o público juvenil. Preciso conhecer aquilo que meus alunos estão lendo.. hehehe.. é uma de minhas metas para 2014!!!

      Abração.
      Manu.

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