Publicado por: Unknown terça-feira, 9 de julho de 2013


O rubro fim de tarde
Estava como a cidade
Coberta do rubro líquido nela derramado
O odor ferroso nela incensado
O sol das ruas a rubridez refletindo
Seus habitantes haviam perdido a sua vitalidade

E eu, naquela tenra idade
Lá e cá
Procurando por alguém conhecido
Alguém de rosto familiar
Alguém a quem pudesse me agarrar

Animais e humanos misturavam-se
Em uma massa de carne e sangue
Já não se podia distingui-los
Nem às suas partes
Pedaços de carne morta jaziam pelas ruas

Em meus ouvidos ainda o eco do bombardeio
O barulho ensurdecedor das armas
E quando passado o episódio
O silêncio sem fim dos para sempre silenciados

E eu já não mais podia ser inteiro.


por Cecília Tenório 
 

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